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14 DE MAIO: O DIA APÓS A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

“No dia 14 de maio, eu saí por aí. Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir. Levando a senzala na alma, eu subi a favela, pensando em um dia descer, mas eu nunca desci. Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia. Um dia com fome, no outro sem o que comer. […]

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“No dia 14 de maio, eu saí por aí. Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir. Levando a senzala na alma, eu subi a favela, pensando em um dia descer, mas eu nunca desci. Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia. Um dia com fome, no outro sem o que comer. Sem nome, sem identidade, sem fotografia. O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver”.

Esses são os versos de Lazzo Matumbi, cantor e compositor inserido nos movimentos antirracistas que lutam pela igualdade. A música retrata o dia após a abolição da escravidão, em que escravos brasileiros foram libertos, mas sem inserção social. Para Matumbi, o dia 14 de maio de 1888 se arrasta até a atualidade, porque a efetiva inclusão dos negros ao corpo social nunca existiu efetivamente.

Porque o dia 13 de maio não é comemorado?

A escravidão brasileira teve como pilar o ideal racista de que pessoas negras eram inferiores, portanto, não detentoras de direitos. Durou mais de 300 anos, tendo como marca final a Lei Áurea (Lei nº 3.353/88).

O Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão e o fez em razão de pressões dos movimentos abolicionistas que perturbavam a Corte e, principalmente, por ameaças internacionais e medo de possível guerra civil com a Inglaterra que, desde 1820 se posicionava contra o tráfico negreiro em nosso país.

A libertação dos escravos resolveu apenas o problema da escravidão, porque não houve políticas públicas para integrar pessoas que até então sobreviviam de migalhas dos escravocratas: sem acesso a alfabetização, formas alternativas de trabalho ou meios para prover o próprio sustento. Por essa razão o dia 13 de maio (data da abolição) não é comemorado.

O racismo não morreu junto com a escravização, continuou e continua reverberando os contextos sociais. Como se vê das marcas das desigualdades.

Marca das desigualdades

● 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil são negras (Banco de dados do Ministério da Saúde,2017);

● 64% dos presos brasileiros são negros (INFOPEN, 2016);

● Apenas 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018 são negros (Tribunal Superior Eleitoral, 2018);

● Apenas 29,9% de negros e pardos ocupam cargo de gerencias no Brasil (IBGE, 2018).

“Mas minha alma resiste, meu corpo é de luta. Eu sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu. A coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa, eu sou o que sou, pois agora eu sei quem sou eu” (Lazzo Matumbi).

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